A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou este sábado em Coimbra a forma «atabalhoada e atrapalhada» de como o ano letivo arrancou, considerando que «mil desculpas» não resolvem o problema.
«Há neste momento milhares de alunos sem professor», observou a coordenadora do Bloco de Esquerda, apontando para o caso das escolas de ensino artístico e conservatórios que estão ainda sem docentes e que "talvez apenas em outubro tenham o problema resolvido".
Segundo Catarina Martins, o governo «foi alertado para o que estava a fazer», considerando que o ministro da Educação Nuno Crato «pode dizer que o pedido de desculpas é histórico, mas histórica é a forma como o ano letivo começou».
O governo «não se pode transformar num programa 'Perdoa-me'», protestou.
«Quem não resolve não deve estar no governo», defendeu, considerando que a situação criada «não é uma abstração».
«Crianças e jovens estão sem aulas e professores e funcionários estão sem trabalhar, mas são precisos».
Para a coordenadora do Bloco, tal situação «ofende a vida concreta de docentes e alunos».
Catarina Martins falava aos jornalistas após uma reunião com o diretor do Conservatório de Música de Coimbra, Manuel Rocha.
Naquela instituição, dos 107 professores, há 38 no quadro, 14 que concorrem à vinculação extraordinária e os restantes à espera de colocação, informou o diretor do conservatório, acrescentando ainda que «50% dos funcionários estão em falta».
«Há, neste momento, 600 crianças sem professor», disse Manuel Rocha, pedindo «urgência» na colocação dos docentes em falta.
O Conservatório, que iniciou as aulas «no dia 15 de setembro a menos de meia potência», espera agora que o arranque efetivo do ano letivo aconteça «em outubro».
«O presente não é risonho e é uma questão que diz respeito a todas as escolas de ensino artístico do país», sublinhou, referindo que este «é um problema que se arrasta há alguns anos», mas que tem «vindo a piorar».
As escolas de ensino artístico especializado e os conservatórios públicos ainda não iniciaram as aulas, porque só na segunda-feira receberam a autorização para contratar as centenas de professores necessários ainda por colocar, segundo adiantaram sindicatos e diretores.
Às escolas secundárias de ensino artístico especializado de Lisboa e Porto (António Arroio e Soares dos Reis, respetivamente) e aos conservatórios de música e dança públicos só na segunda-feira, 15 de setembro, último dia para o arranque do ano letivo, de acordo com o calendário definido pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), chegou, já perto das 20:00, a autorização para lançar um concurso de contratação para as necessidades desses estabelecimentos.
O problema que as escolas enfrentam, neste momento, para além do atraso no início das aulas dos seus alunos, é saber de que forma vão lançar a concurso os horários em falta, uma vez que o Ministério da Educação, através da Direção-Geral de Administração Escolar (DGAE), ainda não divulgou as listas do concurso de vinculação extraordinária lançado este ano especificamente para os docentes do ensino artístico.
«Há neste momento milhares de alunos sem professor»
- tvi24
- AM
- 20 set 2014, 14:13
Bloco critica forma «atabalhoada e atrapalhada» do arranque do ano letivo, considerando que «mil desculpas» não resolvem o problema
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